"Prioridade absoluta". Macron visita Nova Caledónia para tentar restaurar a paz

por Rachel Mestre Mesquita - RTP
Ludovic Marin - Reuters

O presidente francês descreveu os tumultos que têm afetado o território francês da Nova Caledónia, no Pacífico, na última semana, como uma "revolta absolutamente sem precedentes" que ninguém previu. De visita à Nova Caledónia, esta quinta-feira, Emmanuel Macron afirmou que a restauração da paz é a "prioridade absoluta" e que as forças de segurança destacadas "permanecerão o tempo necessário".

À chegada a Nouméa, capital da Nova Caledonia, na manhã desta quinta-feira (fim da tarde de quarta-feira em Portugal), o presidente francês afirmou que estava "ao lado do povo da Nova Caledónia para o ajudar a regressar à calma, à vida normal, à paz e à segurança".
"Queria simplesmente dizer-vos (...) a minha determinação, com os ministros e todo o Governo, de estar ao lado do povo e garantir que a paz, a calma e a segurança regressem o mais rapidamente possível. Esta é a prioridade máxima", declarou Macron, à saída do avião. O presidente francês assegurou que "não há limite" para a sua presença no país. E prometeu que "no final do dia serão tomadas decisões e serão feitos anúncios".A visita de um dia à ilha destina-se a aliviar as tensões no arquipélago francês do Pacífico, que tem sido palco de violentos tumultos, desde 13 de maio.

A Nova Caledónia, um arquipélago francês - desde o século XIX - situado entre a Austrália e as Fiji, encontra-se em estado de emergência devido aos atos de violência graves que marcaram os últimos dias e levaram à detenção de mais de 260 pessoas.

Desde o início da violência, pelo menos seis pessoas morreram, incluindo dois agentes da polícia, e centenas ficaram feridas nos tumultos, pilhagens e incêndios provocados pelos manifestantes Kanak que receiam que a população indígena perca influência. Em causa, está uma nova lei que dá direito de voto aos residentes franceses que vivem no território há mais de dez anos.

Apesar das tensões entre Paris e o Governo local dos indígenas Kanaks não serem recentes, esta já é considerada a pior agitação registada desde a década de 1980. Razão que levou o presidente francês a ter decretado o estado de emergência e a ter enviado para o aquipélago três mil homens para fazer face aos tumultos.

Esta quinta-feira, após ter-se reunido com os líderes políticos locais e empresários, Emmanuel Macron disse que os próximos dias e semanas serão difíceis, mas garantiu que Paris irá "até ao fim" para restaurar a calma. "Esta é a prioridade absoluta", afirmou Macron.

"As forças de segurança destacadas para a Nova Caledónia nas próximas horas permanecerão durante o tempo necessário", escreveu o presidente francês, na rede social X. "A prioridade é restabelecer a ordem republicana", sublinhou.

O presidente francês descartou a ideia de que o "apaziguamento" exigiria um "retrocesso institucional". Mas admitiu a necessidade de "reunir todas as partes interessadas à volta da mesa", defendeu.

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